Antes de começarmos nesta jornada musical, econômica e sociológica, um disclaimer, Eu não sou um estudioso da área! Leve em conta que tudo que escrevi é fruto da minha paixão por pesquisa, música, sociologia, cultura e história do Japão. Não sou especialista em nenhum desses assuntos, sou um entusiasta!! Dito isso, tudo que trouxe com relação a fatos está referenciado, boa leitura!
Contexto social – A Década Perdida
Imagine o seguinte cenário: desemprego, reestruturação governamental, perca agressiva do poder de compra e das boas condições de vida de grande parte da população e o estabelecimento do suicídio entre os jovens de 20 a 44 anos enquanto a maior causa de morte entre 1990-2003. Esta era a realidade que emergiu no Japão no começo da década de 90. Uma sucessão de desgraças que logo culminaria em um senso coletivo-cultural de ansiedade e insegurança (Shimokawa, 2006, pp. 3‐11)”, cenário que ainda não foi superado até os dias atuais, com o envelhecimento populacional, a queda recorde de natalidade e o aumento ínfimo do annual Gross Domestic Product (GDP), “the total monetary value of all goods and services produced within a country's borders in a specific year”, sendo de 0.1% em 2024 contra 1.5% no ano anterior.

Voltando para o começo desta crise, tal perspectiva desesperançada foi o rebote de uma crescente econômica que ocorria desde os anos 50, crescimento este, artificial e grandemente influenciado por políticas externas ligadas aos Estados Unidos, ao final desta seção tem um vídeo explicando como esse processo de quebra econômica se deu, é um vídeo bem introdutório ao assunto. Resumidamente, durante o período de 1950-1985, esse movimento desenvolvimentista posicionou o Japão enquanto um excepcional exemplo de país capitalista desenvolvido no oriente do globo. Tanto tecnologicamente como culturalmente, o “Made in Japan” se tornou sinônimo de qualidade e confiança. Não à toa o boom do City Pop (gênero de discoteca da época) ocorreu no ápice deste processo, entre as décadas de 70-80. As pessoas ganhavam bem, compravam casas próprias e dançavam ao som de músicas que navegavam em vocais animados e passagens de baixos cheias de groove, entrelaçadas por sintetizadores hiper-digitalizados e instrumentos de sopro inspirados no jazz. Enfim, não vou me estender demais pois economia não é meu forte, apenas vou dizer que o processo de absurdo crescimento levou a uma opulência insustentavelmente destrutiva. Quando a bolha especulativa estourou no começo dos anos noventa, foi como se todo o país tivesse sido despertado dessa festa descontrolada. Em um piscar de olhos, todas as luzes se acenderam, as músicas cessaram e por irresponsabilidade governamental grande parte da população sofreu e ainda sofre com as consequências que levaram a essa quebra.